Eu nasci em Guapimirim, interior do Rio de Janeiro. Como a cidade é repleta de matas e cachoeiras, cresci em contato direto com a natureza, fazendo trilhas, tomando banho de rio e pulando pedras. Apesar de nunca me arriscar saltando de grandes alturas na água, de vez em quando eu escalava com os amigos (sem nenhum tipo de equipamento de segurança, é claro). Foi quando, por volta dos meus 16 anos, passei por um perrengue ao travar de medo em um ponto muito alto de um paredão. Estava prestes a cair de tanto tremer as pernas, mas fui resgatado a tempo por um colega.
Este fato mudaria totalmente a minha interação com altura. Esportes radicais? Embora eu goste, sempre me faltou coragem. Até pra subir uma escada muito íngreme é complicado! Como sou estabanado e impulsivo, sempre considerei este medo uma benção. Mas a verdade é que ele acaba sendo uma incômoda barreira. Por isso, decidi superá-lo durante a volta ao mundo. O primeiro desafio foi pular de árvores nas cachoeiras do Laos. Quatro ou cinco metros apenas, mas foi um bom começo.
Eis que em Chiang Mai, na Tailândia, eu me deparo com o Zipline*. Já conhecia tirolesa, mas desconhecia a modalidade. Trata-se de um trajeto percorrido nas alturas, repleto de cabos de aço, plataformas de madeira fixadas em árvores, rapel, pontes suspensas etc. Experimentamos dois circuitos no mesmo dia: o Jungle Flight e o Dragon Flight. O primeiro tem 7km de extensão e altura máxima de 70m. Achamos o segundo, com 6km e 60m de altura máxima, um pouco mais radical (embora ele seja recomendo até para crianças). Ambos têm aproximadamente 2km de extensão e ficam na milenar floresta Doi Saket Rainforest. A região é muito bonita, com bastante verde, cachoeira e alguns templos pelo caminho.

A Amanda no chamado “voo do dragão”

Ela e a equipe do Dragon Flight tirando onda comigo. rsrs
A Amanda sempre soube que tinha medo de altura, mas ela levou um susto quando me viu descendo igual criança em uma escadaria do Angkor Wat, no Camboja. A surpresa foi tanta que ela caiu na gargalhada. Eu fiquei puto, é claro, mas fazer o quê se a patroa não tem medo de altura e só depois de quase 10 anos de relacionamento descobre que o marido é cagão?! No Zipline não foi diferente. A experiência foi bem mais tranquila pra ela. Eu sabia que não despencaria lá de cima, uma vez que a empresa responsável pelas atrações não tem um acidente sequer no currículo. Mas o medo…

Apesar do sorriso da Amanda, coloquei o nome desta bagaça aí de “cadeirinha para o inferno”

Nunca foi tão difícil andar de skate…

Ao todo, percorremos mais de 70 plataformas como esta e quase 50 ziplines
Eu até me surpreendi quando percebi que não tinha problema com as tirolesas. O mais difícil pra mim foram as pontes suspensas. Mas as brincadeiras dos guias, sempre muito atentos à segurança do grupo, ajudam muito a relaxar. Como os chineses são sempre maioria em todos os cantos da Ásia, no Zipline eles acabam sendo os recordistas em cair no choro também. Os do nosso grupo eram bastante corajosos, mas ouvimos histórias muito engraçadas sobre desistentes. Eu fiquei satisfeito com o meu desempenho. Agora, como todo bom aventureiro, eu quero ir um pouco além.

Um dos instrutores fazendo graça ao som de “I believe i can fly…”

Entre um zipline e outro, pausa para observar os detalhes dos templos da região
* Esta atração foi uma cortesia das empresas citadas no post. Para conhecer mais o serviço oferecido por elas, acesse: http://jungleflightchiangmai.com e http://dragonflightchiangmai.com.