Uma pequena cidade da Bolívia com o mesmo nome do famoso bairro carioca. Pensei exatamente isso ao descobrir essa duplicidade, mesmo sem saber qual lugar havia sido batizado primeiro. Tipo o drama do ovo e da galinha, saca? Acontece que para este caso existe uma resposta contundente. No nosso vizinho surgiu primeiro a Igreja de Nossa Senhora de Copacabana, a padroeira do país. No século 19, comerciantes espanhóis levaram uma réplica da imagem da Virgem Maria para o Rio de Janeiro, onde foi criada uma igrejinha para ela. Daí o nome de um dos cartões-postais mais bonitos do Brasil.
Chegamos à cidade boliviana após uma viagem de quase três horas desde Puno, no Peru. A parada do ônibus na fronteira é relativamente rápida. Copacabana fica às margens do Lago Titicaca e é o ponto de partida para quem quer conhecer a Ilha do Sol, considerada sagrada pelos incas por ter sido o berço de sua civilização. Há quem faça o passeio de um dia e siga viagem (geralmente para o Peru ou para a capital, La Paz, a 155 km dali). Nós dormimos numa guesthouse na cidade, onde pagamos 20 bolivianos (pouco menos de R$ 10) por um quarto muito pequeno, com apenas uma cama de solteiro! Mas há opções mais confortáveis, obviamente. Inclusive na ilha, onde o preço costuma ser mais salgado.
Copacabana é um lugar muito tranquilo, bom para quem quer dar uma relaxada. Há vários bares e restaurantes na rua principal e na beira do Titicaca, onde também é possível andar de pedalinho, jogar uma partida de totó com os amigos ou comer uma tradicional truta. Para os viajantes com o orçamento mais apertado, a dica é comer no mercado municipal ou nas pequenas barracas que costumam ficar nas vielas e praças. Pagávamos menos de R$ 2 num prato de macarronada ou canja!
Enquanto no primeiro dia ficamos pela cidade, que fica a 3.800 metros acima do nível do mar, no outro foi a vez de conhecer a Ilha do Sol. O barco de ida e volta custa de 35 a 40 bolivianos. Optamos por um que nos levaria às partes norte e sul. Se quiser dormir por lá, o ideal é comprar os bilhetes separadamente, sem alteração de valor. Achamos a parte norte da ilha a mais bonita, com uma costa cristalina e até areia branquinha. Ah, se não fosse o frio… rs
A caminhada até o topo da ilha dura em torno de 50 minutos. Há guias locais, mas eles mentem ao dizer que não há sinalização na trilha. O caminho é todo demarcado, bastante tranquilo e com um visual incrível. O ingresso custa 10 bolivianos. Há ainda a caminhada até a parte sul. O percurso de 8 km leva mais ou menos três horas para ser concluído e custa mais 15 bolivianos. Dizem que também é bonito, mas nada muito diferente. Nós preferimos ir para a parte sul no mesmo barco, sem pagar nada.
Na parte norte há também o modesto Museu de Oro, a Pisada do Sol, a Rocha Sagrada, o Labirinto Chincana, a Mesa Cerimonial e a Pedra Sagrada. Os passeios acontecem todos os dias às 8:30h e às 13:30h. No primeiro você pode fazer as duas partes da ilha, e no segundo somente a sul. A comunidade do lado norte – pra gente, a mais interessante – se chama Challapampa. A outra é a Yumani. Ambas habitadas pelos povos indígenas de origem Quechua e Aimará. Na parte sul é preciso pagar 5 bolivianos para pisar na ilha, onde é possível visitar o Templo Pilcocaina, a Escada e a Fonte Inca. E o mais incrível muitas vezes passa despercebido: a vista para os picos nevados do gigante Potosí!