31 de janeiro de 2014. Chegamos ao Aeroporto Internacional de Manila, capital das Filipinas, por volta das 9 da noite. Do alto era possível ver os fogos que anunciavam a chegada do Ano Novo Chinês, também comemorado por lá. A equipe do The Suez Serviced Studios Makati, hotel que nos concedeu uma cortesia durante a nossa estadia na cidade, recomendou de forma incisiva um serviço de transfer. Sempre optamos por meios de transporte mais em conta (embora a rodada tenha sido relativamente barata), mas aceitamos a sugestão ao levarmos em consideração o horário que chegaríamos e o fato de ainda não conhecermos o lugar. Sem dúvida foi essa a melhor opção!
Ficamos hospedados em uma área nobre da cidade, conhecida como Makati City. A cruel desigualdade social de Manila fica ainda mais evidente em meio ao coração financeiro do país. Tanto nesta região quanto em outras partes da capital é possível ver a pobreza escancarada no rosto dos inúmeros moradores de rua, nas crianças tomando banho de balde nas portas dos casebres e nas centenas de famílias que habitam os cemitérios da cidade. Ver adultos e crianças vivendo sobre túmulos foi um dos momentos mais tristes da nossa viagem (apesar do esforço de muitas famílias em manterem a dignidade).
Trânsito infernal, lixo, pobreza, pedintes. Manila tem tudo para deixar qualquer estrangeiro apreensivo. Nada muito diferente do Brasil, onde a violência quase sempre é associada à miséria. A vida na agitada capital filipina, no entanto, parece seguir num clima mais tranquilo do que o da maioria das grandes cidades brasileiras. Perguntamos isso a muitas pessoas que, além de confirmaram esta nossa sensação, se assustavam quando falávamos um pouco da nossa realidade. Assassinatos, arrastões e grandes assaltos a luz do dia, pra eles, é coisa de cinema. Infelizmente, este filme passa diariamente em nosso país, com finais sempre muito tristes, quase irreais de tão absurdos que são.
Manila reúne pessoas de diferentes regiões das Filipinas. Todos em busca de uma vida melhor na capital, o que acaba gerando problemas como falta de moradia, emprego etc. Embora a cidade seja realmente um caos, repleta de mazelas, fomos muito bem recebidos por um povo extremamente simpático. Foi lá também onde descobrimos ainda no aeroporto que a paixão nacional do país é o basquete. O que acaba tornando o Brasil um país um tanto quanto desconhecido para a maioria das pessoas com as quais encontramos. Pelé, Ronaldo ou Neymar? Nunca ouviram falar! Foi lá também onde nos adaptamos rapidamente ao café da manhã filipino, com direito a arroz, ovo frito, linguiça e tudo mais. Ah, e comido com garfo e colher!
No quesito turismo a cidade deixa realmente a desejar. Apesar de praticamente todo filipino falar um excelente inglês (a segunda língua oficial do país), conseguir informações atualizadas sobre como chegar aos principais pontos turísticos de Manila é quase um desafio. Por conta disso nos concentramos mais no contato com a população local. O único cartão-postal que conhecemos foi Intramuros – bairro mais antigo da capital, cercado por muralhas que um dia serviram como proteção nos conflitos com outros países. Apesar de ficar a apenas 6 km de onde estávamos, levamos quase uma hora para chegar até lá, depois de pegarmos um trem lotado e um jeepney (o transporte mais popular e barato de Manila).
O lugar, também chamado de Cidade Murada, ainda preserva as enormes paredes construídas pelo governo colonial espanhol no final do século XVI. Lá, conhecemos o famoso Baluarte de San Diego. Além de terem sido violadas pela Inglaterra em 1762 e danificadas por um terremoto 100 anos mais tarde, as fortificações de pedra foram totalmente destruídas durante a Batalha de Manila, em 1945, quando norte-americanos, filipinos e japoneses travaram o maior conflito urbano da Guerra do Pacífico, durante a Segunda Guerra Mundial. Resultado: uma cidade destruída e milhares de inocentes mortos. Num agradável clima cultural, o bairro ajuda a contar a história de um povo muito simples e extremamente sorridente, com um jeito quase inocente de tocar a vida.
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