Nos últimos meses da nossa volta ao mundo decidimos percorrer a América do Sul de ônibus. Fomos de Bogotá, na Colômbia, até Foz do Iguaçu, onde começamos a volta ao mundo um ano antes. O trecho entre São Pedro de Atacama, no Chile, até Salta, na Argentina, durou 11 horas de viagem. Pelo caminho, grandes penhascos, motoristas irresponsáveis e estradas nem sempre boas. A recompensa fica por conta das lindas paisagens e também dos momentos de contemplação da natureza. Principalmente quando passamos por Jujuy, já no território argentino, onde vimos incríveis montanhas coloridas. Desta vez não estávamos sozinhos. Ha, da Coreia do Sul, e Mehmet, um curdo que mora na Suíça, dividiam a estrada com a gente desde o Peru.
Chegamos a Salta sem um lugar definido para ficar, mas encontramos o confortável e descolado Prisamata Hostel, onde acabamos ganhando uma cortesia! A cidade, chamada de “la linda”, não é tão famosa quanto à capital, Buenos Aires, mas tem o seu charme. Nas esquinas da agradável e tranquila cidade é possível ver várias barraquinhas vendendo frutas que parecem cenário de novela de tão bonitas. Por lá também há algumas opções de cassinos, ainda proibidos aqui no Brasil. O Mercado Municipal fica dentro de um monumento histórico, onde se vende de tudo. Um bom lugar para experimentar comidas típicas, como a tradicional empanada saltenha. Tudo muito em conta.
A Plaza 9 de Julio é a mais popular de Salta. O nome é uma homenagem ao Dia da Independência do país. Num lado fica a Catedral da cidade, uma bela obra rosada rica em detalhes. Outra linda construção ao redor da praça é o Cabildo Histórico, onde funciona o Museu Histórico do Norte. As Calles Florida e Alberdi ficam próximas à praça e são exclusivamente para pedestres. Excelente para passear e comer.
Percorrendo a cidade também vimos outras igrejas, como a Iglesia de La Merced, a Basílica Menor San Francisco (em manutenção) e a Iglesia de La Candelaria – essa última bastante diferenciada das demais. Se quiser ter uma visão panorâmica de Salta, faça uma visita ao Complexo Teleférico, que conecta a região central ao Cerro San Bernardo e seus 1.454 metros de altitude. Nós preferimos ir até o Convento San Bernardo, uma antiga construção saltenha, onde é possível ver parte do teleférico.
Em Salta também funciona o mercado negro de câmbio. Não tão forte quanto o de Buenos Aires, mas existe. Em uma das esquinas da Plaza 9 de Julio há uma grande casa de câmbio oficial. Pelo menos no período em que estávamos lá, os valores eram similares aos praticados na rua. Além ser mais seguro e confiável. A tradicional “sesta”, hábito herdado dos espanhóis, também é comum na cidade. A maioria dos comércios fecha entre 13:30h e 17h para aquele soninho da tarde. Bom para os moradores e, às vezes, nem tão bom para quem viaja!
Em Salta nos despedimos de Ha e Mehmet, que continuaram viajando pela Argentina. Como as passagens de ônibus são um pouco caras em nosso país vizinho, tentamos usar um extinto site de carona local em busca de uma corrida compartilhada e mais barata. Mas, infelizmente não encontramos ninguém a caminho de Assunção, no Paraguai. Nós usamos este tipo de serviço na Espanha com o site BlaBlaCar, que naquela época ainda não havia chegado ao Brasil. Foi uma forma interessante e segura de economizar e conhecer pessoas. Embora não tenha rolado a carona em Salta, pelo menos conseguimos 20% de desconto comprando as passagens no terminal para viajarmos no mesmo dia. Tudo para a grana durar mais, e a viagem continuar!